Fotografia de Pedro Roque

... e o perú fugiu

As Carpintarias têm muito gosto de apresentar “…e o perú fugiu!”, uma exposição colectiva com curadoria de Inês Valle, que se desdobra numa reflexão sobre a liberdade - os seus significados, fragilidades e infinitas possibilidades. Reunindo artistas de diversas geografias - Portugal, Marrocos, Argentina, África do Sul e Moçambique - esta exposição tece múltiplas vozes e linguagens artísticas para explorar a liberdade não como uma ideia fixa, mas como uma condição viva e mutável, moldada pela história, pela memória e pelo desejo.

Num país marcado pelo abril revolucionário de 1974 e pelo florescimento simbólico da sua democracia, “…e o perú fugiu!” toma o legado da Revolução dos Cravos como ponto de partida - abrindo conversas mais amplas sobre a liberdade no momento presente. Aqui, a liberdade surge não apenas como resistência à opressão, mas como um espaço poético para a imaginação, um gesto íntimo, um ato de cuidado ou um horizonte partilhado ainda em construção.

Esta exposição convida o visitante a percorrer histórias de emancipação e de luta, de migração e de pertença, de silêncio e de voz - narrativas que ressoam muito para além das fronteiras de Portugal, ecoando debates urgentes em todo o mundo sobre o direito a existir, a mover-se, a falar e a criar. Acima de tudo, “…e o perú fugiu!” é um convite a fazer uma pausa - a questionar o que significa ser livre hoje em dia. Como é que cuidamos da liberdade, a protegemos e a reinventamos - para nós e para os outros?

Esta exposição insere-se no programa do Projeto Cera 2023-2026, Territórios, Resistência, Liberdade. É apresentada em parceria com o Atelier Contencioso e o Centro Cultural Carpintarias de São Lázaro e com o apoio da Viarco e da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de abril.

Artistas da exposição:

Marcelo Brodsky, Carla Cabanas, Mónica Calle, Atelier Contencioso, Andrew Esiebo, Ângela Ferreira, Joana Gomes, Francisca R.Gonçalves, Rui Macedo, Manuel Santos Maia, Ziad Naitaddi, Carlos Noronha Feio, Nuno Nunes-Ferreira, Fernando J.Ribeiro, Maria Sassetti, Turma 4A, Ana Velez, Graeme Williams

Teatro / Performance Participativa

“Entre o Céu e a Terra” de Mónica Calle

Integrada na programação da exposição coletiva “…e o perú fugiu!”, Mónica Calle apresenta “Entre o Céu e a Terra”, uma criação originalmente concebida a BoCA – Biennial of Contemporary Arts em 2021, na praia e dunas da Costa da Caparica. Agora, adaptada, a performance ressurge no Centro Cultural Carpintarias de São Lázaro, em Lisboa, como parte de uma reflexão coletiva sobre liberdade – num formato intimista e exclusivo, pensado para um número restrito de espectadores.

Depois de obras profundamente pessoais como “Carta” e “Ensaio Para Uma Cartografia”, nasce esta peça inspirada na escrita de Fiama Hasse Pais Brandão e na peregrinação de 26 dias, a pé, entre a Sé de Lisboa e Santiago de Compostela, realizada por três actrizes. Mónica retoma aqui a sua investigação sobre identidade e representação do feminino, afirmando a radicalidade poética e marginal do seu teatro.

Ao longo de cinco dias, com três sessões diárias, “Entre o Céu e a Terra” transporta-nos a um território indefinível: “No Apocalipse os demónios arrependidos serão anjos, e os anjos culpados serão demónios, ligados, fisicamente, costas com costas” (Fiama Hasse Pais Brandão em “Eu vi o Epidauro”).

📍 Carpintarias de São Lázaro, Lisboa
📅 22 e 23 maio – 17h, 19h, 21h
📅 24, 25 maio e 7 junho – 15h, 17h, 19h
⏱️ Duração: 1h
🎟️ Bilhete: 15€
👥 Lotação limitada: 9 lugares por sessão

Ficha técnica:

Direção e interpretação: Mónica Calle

Co-autoria e interpretação: Mafalda Jara, Mónica Garnel e Inês Vaz

Texto: A partir de diversos autores

Cenografia: Nadir Bonaccorso

Assistência de encenação: José Miguel Vitorino

Assistência: Roxana Ionesco

Direção de produção: Sérgio Azevedo
Produção: Casa Conveniente/Zona Não Vigiada
Co-produção: Atelier Contencioso, the CERA PROJECT, Centro Cultural Carpintarias de São Lázaro
Residência artística: Comédias do Minho
Fotografias: Bruno Simão